“Seu”

De vez em quando, os versos fluem fáceis pelos dedos. Como no poema curtinho, abaixo.

Com paciência, conto as horas
Até que “amanhã” seja “agora”;
Risos bobos entre quem?

Outro dia mais com saudade
Lutando contra a vontade
Infinita, que me faz bem.

Nenhum sorriso é tão pueril
Debaixo deste céu anil
Ah, seu sorriso é o meu também.

A música de hoje é do blink-182: “The Rock Show”.

A maior coisa do mundo

A maior coisa do mundo ainda não tem nome, mas sabe-se que ela habita o coração de duas pessoas por vez. Tem muita gente que chama de amor; outros, de paixão. Seja como for, a maior coisa do mundo é o que faz a gente chorar sem motivo, que faz a gente se sentir bem como jamais antes. E a sementinha dessa coisa só brota aos pares, só brota no peito, só floresce no coração. E seus frutos são tão lindos quanto delicados; são tão imperecíveis quanto o tempo; são um fim em si mesmo: a maior coisa do mundo é o seu próprio começo, meio e fim.

Ninguém sabe de onde vem, nem se é contagiosa. Mas a maior coisa do mundo é o que faz duas pessoas que se querem bem demais ficarem juntas, gostarem de ficar juntas. Essa coisa é o que faz o peito soluçar como um motor de carro velho ao sentir a ausência da outra pessoa. É essa coisa a responsável pelo sorriso fácil no reencontro e pela lágrima ainda mais fácil ao apagar a luz.

E, em meio a tantas pessoas no mundo, o que faz com que essa coisa germine aos pares, apenas, em duas pessoas selecionadas? Será o acaso? Será o destino? O que será? Até que alguém prove o contrário, é válido acreditar que a maior coisa do mundo é a união de um casal que, embora possa ter vivido décadas sem o outro, desaprende a viver separado. É a morte do coração, ou melhor, da vida nele. Com a ausência do outro, o coração passa a bombear só sangue – e não mais vida.

A música de hoje é “A Thousand Years”, da cantora Christina Perri.

Keepsakes

Mania estranha essa de ler um texto sem prestar a devida atenção, apenas sobrevoando as palavras sem jamais pousar numa ideia. Nada mais dispersivo, eu diria. Mas é esse tipo de leitura que me vejo fazendo frequentemente.

Gosto de ler textos em inglês. Uma meia dúzia de professores de inglês que tive ou conheci me disse que não há melhor forma de adquirir vocabulário do que lendo. Ah, na verdade, tem: estudando. Enfim, além de estudar, ler diversos textos é de grande ajuda.

Pois bem, numa dessas leituras exploratórias pelas íngremes colinas da língua inglesa, numa escarpa rebuscada e pedregosa que era o quinto parágrafo de um artigo do The Guardian, deparei-me com a formosa palavra keepsake. Soa bem, não? Keepsake. Já me perguntei em que contexto esse termo se encontrava, mas não consigo me lembrar. Nem tentei procurar, também. Alguns mistérios são tão indeléveis quanto insolúveis.

Keepsakes são objetos (pequenos) mantidos com o propósito de que seu portador se lembre de alguém ou alguma coisa. Simples assim. Ao ler o termo, a primeira sensação foi de querer traduzi-lo, mas é evidente que não há tradução exata para o português. Passado um momento, meu segundo intento foi pensar nos meus keepsakes. Quem não pensaria?

Cada um tem os seus: anéis, fotos, bilhetes, pedaços de coisa quebrada, flores ou folhas secas mantidas em livros, o que for. Mas, afinal, de que valem essas memórias transfiguradas, esses pedaços de saudade? Mantemos perto o que não suportamos distante. Mantemos os espólios como se fôssemos os vencedores. Enganamos a mente pra aliviar o coração. Mentimos à verdade. Enquanto buscamos nos agarrar, nos ater ao que não há, nossos keepsakes desvanecem entre os dedos como areia fina.

Nem tudo precisa de um nome, e nem tudo que é nomeado o foi de acordo com nossa vontade ou gosto. Sendo assim, cada objeto que ficou vai ser rebatizado, graças à essa minha curiosidade literária ou falta de atenção. Ou, até mesmo, graças aos professores de inglês que conheci. Enfim, já não importa.

Nos esconderijos que inventei, ainda é possível encontrar as imperecíveis evidências da ausência. Provas que não provam nada além da minha força. Indisposição a aceitar o que não volta traduzida em pequenezas físicas. Keepsakes. É tudo que são. E são tudo.

A recomedação de hoje é “Shooting Stars” do cantor Edwin McCain.

Até logo

Cada minuto que passa é um minuto a menos para te ver. Não olhe para os dias que faltam; olhe para os que já se passaram. Cada momento solitário vai valer o dobro quando você voltar. Não foque no frio à sua volta; apenas imagine o meu abraço o afastando. Cada vez que o sol se puser é um encontro que temos: não se esqueça de me ouvir, antes de dormir; feche os olhos, sorria, lembre-se de nós. Cada memória que o tempo borrar e amassar, não jogue fora. Não se entristeça, em breve teremos tempo para criar novas memórias. Cada sorriso que você der e eu não estiver para ver, vai me fortalecer. Não se esqueça de que embora esteja longe estou sempre por perto, em pensamento. Cada chuva que cair, corra para a janela. Não perca as esperanças, logo o sol vai voltar a brilhar.

A música de hoje é “So Close”, do cantor Jon McLaughlin.

“Moonlight”

Mais um poema fresquinho, saído direto do forno.

So here I am
With your pictures in my hand
Where to go
Now time’s drained my hope?

Look at the sky
And I’ll visit you tonight
Please be strong
Someday we’ll be where we belong

Across the sea
The stars I’ll ignite for you
Will wash away your fears

If you were here
Love’d not be torn in two
Because I’d wipe away your tears

Nobody ever wants to face the truth
As well as I’m not giving up on love
Solitude will never tell me what to do
But my eyes won’t simply never rove

Only my heart is colder than my bed
It’s spring outside, but I have no seeds
Sour are the tears that I shed
And bitter is the pain in this grief

My soul’s on fire
Wake my dreams and take me higher
Your voice near
Is the only song I need to hear

It’s midnight yet
It’s a long night without Juliet
There is no vow
That’ll bring you back right now

Colorful days
Are the memories kept inside
That won’t let me pass away

And who’s to say
That the reason that I hide
Is the same I use to find a way?

I wish you’d come closer once again
And let me make you laugh like before
But time and distance made us both refrain
Though I’ll never buy I won’t see you anymore

I won’t be able to heal the wings of this bird
Because it’ll never fly with nowhere to land
Sometimes silence is way better than words
But forever is just too long for me to stand

A música de hoje é “Holding On To Heaven”, da banda Nickelback.