“…mas só chove e chove…”

A cada dia que se passa, cada vez que ouço “Primeiros Erros”, a sensação é diferente, é nova. A canção me parece cada vez mais ampla, mais profunda, mais significativa. Cada dedilhada no violão, cada sensação, cada pulsar. É diferente. E, em especial, me atrai muito a segunda estrofe:

“Se você não entende não vê,
Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende”

Loops infinitos nela.

Para poder ver bem e corretamente, é preciso entender. É assim em tudo, a todo momento, não é?

Ah, como é bom ouvir músicas boas.

Preciso dizer qual a música de hoje?

Autodestruição

Estudo coreano. Minha professora é nativa. Quando falamos sobre diferenças entre Coreia e Brasil, uma das primeiras mencionadas por ela é a disciplina. Ela conta que aqui sentamos de qualquer jeito nas cadeiras, que não fazemos lição, que não nos atemos muito aos horários, que não há muito respeito pelos professores.

Claro que esse relato não se refere à aula dela, mas é mais que verídico. “Aqui” (no Brasil), não estranhamos alguém chegar sempre meia hora atrasado à aula ou erguer o tom de voz a um professor – com ou sem motivo.

Nossa cultura “educacional” apaga a luz na hora de aprender e só a reacende ao soar do sinal. Raros são os alunos que se interessam em se empenhar – mesmo os de ensino superior.

Além da falta de interesse, há algo muito curioso incutido no cérebro do brasileiro (de qualquer faixa etária) de forma geral: a ideia de que o professor é inimigo. Cansei de ver gente desafiando professores (e eu mesmo, sem dúvida, mas – hoje – com vergonha, já o fiz) como se fossem inquisidores ou comensais da morte. No fundo, não faz o menor sentido. Ele ou ela está lá para ensinar, ajudar e verificar o aprendizado; com o sinal, sua missão está cumprida. Há algum motivo para ódio, desrespeito e postura desafiadora nesse breve ínterim? A resposta me parece bastante óbvia.

Sim, há porfessores horríveis, insuportáveis e quiçá prepontentes – mas estes seguramente são minoria. O que não pode acontecer é o aluno ir à escola com espada em punho, pronto para desafiar o “poder” do professor. É algo contraditório: sem quem ensine, nunca se aprenderá. Não querer ser ensinado é condenar a si mesmo às trevas sendo livre para permanecer à luz do conhecimento. Que cessem fogo contra os mestres.

Música de hoje: “What I’ve Done”, do Linkin Park.