Odisseia de domingo

Hoje, mesmo cansado, inaugurarei uma nova seção aqui no blog: “Relatos”. Contarei alguma coisa da qual me lembro, ou de algum acontecimento recente.

E esse meu fim de semana (ontem, 28, e hoje, 29), parecia mais uma simples repetição do que eu me acostumei a ver: Um sábado tranquilo dando lugar lentamente ao domingo, que chega preguiçoso. Mais ou menos como as ondas tocando a areia do mar. No domingo (hoje), eu tinha na agenda e na mente apenas uma coisa: O vestibular da PUC/SP, que eu optei por prestar em Campinas.

Mas… Tudo começou ontem. Meu pai passou aqui em casa, e eu, ele e minha irmã fomos jantar e, depois, à casa dele, que é em uma cidade próxima. Até aí, tudo normal. Já o domingo…

Meu pai tinha um jogo no clube da cidade dele (futebol amador, passatempo de cinquentão), ao qual até tive um fio de esperança de que ele não fosse, mas me acordou cedo, o que não me deixou muito contente, porque eu queria estar bem descansado para a prova, que começaria às 14h e terminaria às 19h.

Arrumamo-nos rapidamente e fomos, vendo as ruas da cidadezinha todas molhadas, apesar de não estar caindo gota alguma do céu. Logo, descobrimos que havia chovido pela noite, o que poderia adiar o evento esportivo do meu pai. Pensei comigo, “parece que o dia começou melhor que o esperado”.

Enfim, meu pai acabou ficando pra conversar com alguns “colegas”, e, na volta, passamos no supermercado. Chegamos em casa lá pelas dez e meia. Resolvemos que almoçaríamos em Campinas mesmo, e portanto, teríamos de sair da casa do meu pai no máximo às onze e meia. E aí começa o drama.

Às onze e meia, estávamos saindo da garagem, para pegar a estrada. Eu com os mapinhas que havia imprimido do Google Maps, e meu pai com a teimosia de não dar crédito à tecnologia. Logo na entrada da cidade, algo errado aconteceu e saímos da, praticamente reta, rota que deveríamos tomar.

(Só para situar o leitor: Em Campinas, há três campi da PUC/Campinas, e a minha prova, apesar de ser da PUC, referia-se à unidade de São Paulo, e portanto seria realizada no prédio da Unip, uma universidade do interior paulista – esse prédio, aliás, não é próximo a nenhum dos campi da PUC/Campinas.)

Como havíamos percebido qe estávamos fora da rota, porque as ruas e avenidas pelas quais andávamos não estavam em nenhum dos três mapas, começamos a ficar tensos. Bateu meio-dia, em uma igreja próxima. Eu sabia que os portões abririam-se às 13h e seriam fechados às 13h45. Não gostei muito de estar perdido faltando uma hora para o começo da prova, muito menos sem almoço.

Pedimos informações sobre a PUC/Campinas, na maior ingenuidade, confundindo-a com a Unip. Resultado? Fomos parar no lugar certo, de acordo com as indicações, mas não aonde eu deveria estar. Aliás, não chegamos lá, porque a minha suuuper astúcia me fez ler a inscrição.

Era vinte para a uma hora, e estávamos conversando com um casal desconhecido, em uma calçada (próxima a outra igreja), que nos deu a alegre informação de que o lugar onde eu precisava ir estava do outro lado da cidade, praticamente. E eu não havia almoçado.

Vimos uma plaquinha capenga de um restaurante self-service, que também seriva comida chinesa. Aliás, o lugar era a cara de um filme do Jackie Chan ou do Jet Li: Com cara de velho, silencioso, pessoas muito estranhas, e uma garotinha oriental no caixa. A comida de lá era horrível, mas comi um pouco. Pegamos o carro e fomos seguir as orientações do casal de que falei há pouco.

Seguimos as orientações, e, apesar do trânsito, tudo parecia estar indo às mil maravilhas, até que… Isso, nos ferramos. A avenida que nos daria acesso direto ao local estava interditada: Suas QUATRO faixas estavam bloqueadas, devido a buracos que uns tratores estavam fazendo ns pistas. Eu cheguei a descer do carro, em meio ao congestionamento e com o farol fechado,  para perguntar para o guarda de trânsito se ele poderia nos liberar para passar, porque estávamos perdidos, e blá blá blá. Não adiantou, ele não cedeu. Daí para a frente, meu pai, que é um car amuito paciente, falou todos os palavrões já inventados. Acredite.

No caminho, encontramos uma mulher que não sabia o que significava “fila dupla”, muito menos educação. Meu pai retribuiu a educação dela, com sobras, mas… Deixa isso pra lá.

Enfim,quando finalmente vimos o endereço da rua onde seria feita a prova, já eram 13h25. Estava muito nervoso, e achando que não daria tempo. Finalmente, para alívio geral, após mais dois pedidos de informação, uma placa onde lia-se: “Unip”, com uma seta à direita. Entramos na direita, apesar de haver as opções de irmos à esquerda ou seguirmos em frente.

Adivinhe só… Erramos! E sabe por quê? Porque a placa estava entortada, acredite ou não! Ficamos ainda mais tensos, pois tivemos de dar a volta no quarteirão, e pegamos um farol vermelho, que ainda não sei se queimamos ou não. Finalmente, voltamos ao lugar da “trifurcação”, e seguimos em frente, quando olhei para trás e olhei bem a placa torta: O caminho certo era à esquerda. Meu pai fez uma conversão no meio da pista (não vinha ninguém, calma… Ele também não é um Vin Diesel, né?), e voltou a tempo de pegar a entrada na esquerda.

Aí, chegamos no local, com um estacionamento bem grandinho. Entramos, e era algum horário entre 13h35 e 13h40. Meu pai gritou, “corre!”, bem como todos os outros pais que vinham subindo a rampa de acesso – que parecia não ter fim. Desci correndo, e cheguei inteiro na sala, com a sola do tênis meio sujinha, antes de outros quatro candidatos. Tudo bem, fiz a prova, e saí era umas 18h30 – antes do fim do jogo entre Corinthians x Flamengo, que, sei lá porquê, estava sendo realizado no estádio do Guarani. Conseguimos escapar, após pedirmos três vezes por informação.

Contudo, em meio ao nervosismo, não tomei água nem fui ao banheiro, atpe então. Já era mais de sete horas, e eu realmente precisava fazer o “número 1”. Paramos em um posto à beria da estrada, e eu fui ao banheiro. Novamente, um cenário de filme. Enorme, o posto estava silencioso. Parecia sorveteria em dia de inverno com chuva e vento. O banheiro, lógico, era no final do prédio – arrisco dizer que estava a uns 100m de distãncia da porta. Chegando no banheiro, a porta grande e o azulejo branco, sujo, me lembrou muito os filmes da franquia Jogos Mortais. A semelhança ficou mais evidente com o labirinto que me levou ao sagrado mictório. Lavei a mão, mas… claro, não havia papel. Fomos embora, e uma meia hora depois, estava em casa.

Contudo, minha irmã foi com meu pai e minha mãe ao hospital, porque dois dedos do pé direito dela estavam inchados, e ela precisava tirar radiografias. Ela me ligou há cerca de uma hora, e ainda não voltou. Considerando que chegamos aqui às oito e meia, mais ou menos, deve ter alguém muito quebrado lá na ortopedia.

Atualização do dia 30: No fim das contas, ela teve uma leve fratura num dedo do pé, e agora, meio pé dela está enfaixado.

Recomendo “Through the fire and flames”, da banda Dragonforce.