Está para nascer alguém que goste de despedidas e que não sinta saudades. Sentir um friozinho antes de despedidas que talvez sejam definitivas é humano. Mesmo as pessoas mais fechadas ou quietas também se doam, se integram, sentem-se parte do tempo que passou. Todos se lembram de histórias, lágrimas e risadas. Rever um amigo antigo… Difícil descrever; porque descrever geralmente é limitar, e o coração é um dos poucos lugares infinitos que existem.
Essa “infinita highway” – como cantou Humberto Gessinger – é um lugar fascinante. A vida de cada um é uma estrada sem fim e cada estrada se cruza com inúmeras outras – às vezes mais de uma vez -, formando um caminho único, a história de quem traçou aquela rota. A parte ruim é que não dá para voltar atrás e tomar outra direção; a parte boa é poder ver os lugares pelos quais se passou e traçar o melhor roteiro possível para o futuro.
Como seria bom se ninguém fosse embora; como é chato viver sozinho. Como é gostoso rir a dois; como é sem graça ouvir apenas o próprio eco. Olhar fotos antigas e perceber os olhos marejando é normal. Aliás, até recomendo isso. Assim como só degela uma montanha que tenha neve, assim também funcionam as nossas emoções: só se derrete em lembranças aquele que deixou um pedacinho seu escorrer e integrar lagos, rios, mares alheios.
A música de hoje é “Novermber Rain”, do Guns.