Outro poema recente, desta vez em português.
Uma cama é só uma cama durante o sono
As memórias são só história que acabou
E a saudade é falsificação do abandono,
É a branca espuma que a onda do mar deixou
E uma cadeira é somente mais um lugar
Nas vezes em que o corpo não está cansado
Assim como o abraço é um recanto sem par
Para qualquer coração em tempos nublados
Um toque é algo meramente corriqueiro
Se for de qualquer alguém, ninguém especial
E outro toque pode pintar o mundo inteiro
Em tons que pulsam a cada atrito carnal
Paraíso são só uns eventos de verão
Que nascem nos beijos e morrem entre os dedos
E o espaço entre os dedos são só uns vãos
Sem a outra mão que se encaixa em seu segredo
E as estrelas são apenas luzes no céu
Se ninguém ainda lhe fez nenhum pedido
E os pedidos são meras tiras de papel
Atiradas ao fogo do desconhecido
E o amor nada mais é do que um verbete breve
No qual se condensam as fraquezas do ser
E um poema é só uma coisa que se escreve
Que quem se ama provavelmente não vai ler
A música de hoje é uma descoberta recente: “Unfold”, da doce cantora nova-iorquina Marié Digby.